No "Expresso" de 23 de Dezembro passado, António Almeida Henriques, secretário de Estado adjunto da economia, aconselha os autarcas a preocuparem-se menos com a construção: "Chegou a horas de as autarquias pensarem no investimento, no emprego qualificado, nas exportações".
Na revista "Única", distribuída com a mesma edição do "Expresso", o chefe de Almeida Henriques, Vítor Gaspar, chama a atenção para o facto de Portugal possuir uma excelente localização, e cita, a propósito, o economista alemão Horst Siebert, segundo o qual a competitividade é um processo de concorrência entre localizações. Dentre os recursos de que Portugal pode tirar partido, ressaltam o clima e o património (natural e cultural) e, já agora, a excelente infra-estrutura rodoviária. A valorização desses recursos pode e deve ser feita através da captação de investimento estrangeiro, atraindo ou promovendo a criação e fixação de empresas tecnologicamente avançadas ou de departamentos de investigação e desenvolvimento de empresas sediadas noutros locais da Europa. O turismo pode ser um outro instrumento de valorização daqueles recursos: não o turismo massificado, mas o turismo de qualidade, centrado no usufruto do património natural e cultural do País. É neste sentido que Portugal, enquanto localização competitiva, pode ser a Califórnia ou a Flórida da Europa. Esta estratégia permitirá criar emprego qualificado e aumentar o valor das exportações, mas é incompatível com os excessos de urbanização e de construção que têm caracterizado as últimas décadas.