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GECoRPA, Quercus e Icomos-Portugal promoveram encontro sobre

Mesa da Sessão de Abertura: Vítor Cóias, Presidente do GECoRPA; Dulce Pássaro, Ministra do Ambiente e do Ordenamento do Território; e Viriato Soromenho-Marques, Coordenador do Programa Gulbenkian Ambiente
Mesa da Sessão de Abertura: Vítor Cóias, Presidente do GECoRPA; Dulce Pássaro, Ministra do Ambiente e do Ordenamento do Território; e Viriato Soromenho-Marques, Coordenador do Programa Gulbenkian Ambiente

No dia 18 de Outubro o GECoRPA – Grémio das Empresas de Conservação e Restauro do Património Arquitectónico, a Quercus –

Realizaram na Fundação Calouste Gulbenkian o Encontro “Património Natural e Cultural: Construção e Sustentabilidade!”, que teve o apoio do Programa Gulbenkian Ambiente e o patrocínio da Stap – Reabilitação, Consolidação e Modificação de Estruturas, S. A..

O evento pretendeu reflectir e debater a importância da salvaguarda do património natural e cultural como via para a sustentabilidade no ordenamento do território, na gestão do edificado e no sector da construção. A abordagem feita reitera a importância da fusão entre os movimentos de salvaguarda do Património Cultural er da Natureza, ambos ameaçados por um modelo de construção calcado na criação de novos equipamentos. Além disto, constituem um importante vector para o desenvolvimento de uma economia sustentável. Estiveram presentes diversas personalidades envolvidas na problemática tratada no encontro, desde académicos até dirigentes associativos, incluindo também autoridades como a Ministra do Ambiente e Ordenamento do Território, Dulce Pássaro, e o Secretário de Estado da Cultura, Elísio Sumavielle. Deste modo, foi possível realizar um debate que abarcasse variados aspectos.

Após a abertura do evento, fez uso da palavra Ronan Uhel, da Agência Europeia do Ambiente, que apresentou um balanço do estado da biodiversidade na Europa, chamando a atenção para o valor dos bens e serviços oriundos dos ecossistemas. Deu ainda conhecimento da existência do Sistema de Informação da Biodiversidade na Europa (http://biodiversity.europa.eu). Também abordando a biodiversidade, José Lima dos Santos, do Instituto Superior de Agronomia, centrou a sua participação no valor económico dos ecossistemas. Ainda durante a manhã, iniciou-se o segundo tema do encontro: “Regresso às cidades – Construir com o construído”, que teve como oradores Joan Busquets, da Faculdade de Urbanismo e Arquitectura de Barcelona, Álvaro Domingues, da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto e Helena Roseta, da Câmara Municipal de Lisboa. Enquanto Joan Busquets expôs a problemática da renovação das cidades na sua apresentação intitulada “Retro-fitting the city: Theory and Practice”, Álvaro Domingues reflectiu sobre a descaracterização do campo. Por fim, Helena Roseta traçou um quadro da questão urbanística em Lisboa, focando as zonas prioritárias de intervenção. Depois do almoço, inaugurou-se o tema “Conciliar construção com salvaguarda – Estratégias para a sustentabilidade na construção”. Kaarin Taipale demonstrou o impacto da construção nova tanto no que diz respeito ao consumo de energia quanto às emissões de dióxido de carbono. Já Alexandra Gesta partilhou a experiência de 25 anos de reabilitação em Guimarães, processo que culminou com a classificação do centro histórico como património mundial. A ideia de direito à cidade perpassou esta sessão, que contou ainda com uma activa participação da assistência. O clima de debate permaneceu na sessão seguinte, que foi moderada por Luísa Schmidt e contou com os convidados João Ferrão, Pedro Bingre, Manuela Raposos Magalhães e Helena Cluny. De entre os assuntos tratados destacaram-se as questões relacionadas com o direito do Urbanismo. Finalmente, as conclusões do encontro foram apresentadas numa sessão que reuniu Vítor Cóias, presidente do GECoRPA, Francisco Ferreira, vicepresidente da Quercus, José Aguiar, presidente do ICOMOS-Portugal e Elísio Sumavielle, Secretário de Estado da Cultura. Francisco Ferreira ressaltou a importância dos ecossistemas e da necessidade de se conferir valor aos mesmos, de modo semelhante ao que ocorre hoje com o mercado do carbono. Neste âmbito chamou a atenção para os riscos inerentes à perda da biodiversidade da Península Ibérica.

No que diz respeito às questões urbanas, referiu os problemas inerentes à qualidade do ambiente, nomeadamente aos níveis de ruído e qualidade do ar, frutos, em grande medida, de uma forma equivocada de conceber a mobilidade. José Aguiar citou a crise actual que o país vive como uma oportunidade de mudança: é possível utilizar menos recursos para atingir bons resultados. Também atentou à necessidade de uma nova lei dos solos, que impeça a lógica do “crime que compensa”. Já Vítor Cóias defendeu que a reabilitação, como alternativa à construção nova, tem sido travada por vários obstáculos, como um sector da construção demasiado influente e cioso dos seus interesses corporativos e uma cultura em que as expressões “deixar obra feita” e “construir o País” são geralmente tomadas à letra pelos líderes políticos e por quem os elege. Neste sentido, considera falacioso argumentar que é através da construção que o País se desenvolve. Concluiu que a reabilitação do edificado e da infra-estrutura e a conservação do património cultural construído podem ser importantes catalisadores das mudanças necessárias para a sustentabilidade do País. Por último, Elísio Sumavielle elogiou o encontro, expressando o avanço representado pela abordagem transversal que une os Patrimónios Cultural e Natural.
20/10/2010

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