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Falar de estradas Falar de estradas antigas traz-nos imediatamente à memória as viae publicae e viae militares dos Romanos, que se estendiam por todo o império. Antes dos Romanos, no entanto, outras civilizações, em tempos ainda mais remotos, construíram redes de estradas. Estudos da Universidade de Chicago feitos a partir de fotografias de satélite permitiram, recentemente, dar a conhecer uma importante rede de estradas na zona onde actualmente ficam a Síria e o Iraque, remontando 5000 anos atrás.
Em muitas regiões do planeta onde os Romanos nunca chegaram, o valor das estradas, enquanto património histórico é, igualmente, reconhecido: é o que se passa com as kaido no Japão, as estradas que a partir do séc. VII, ligaram Quioto a outras cidades ou às zonas costeiras, permitindo a movimentação de pessoas e o tráfego de mercadorias.
Entre nós, o projecto SEQUER, da iniciativa do Centro Rodoviário Português, veio, recentemente, dar um novo impulso à salvaguarda das estradas enquanto património histórico. Não das viae romanas, essas já detalhadamente estudadas (embora nem sempre devidamente protegidas), mas das que, a partir do Estado Novo, serviram de plataforma para o grande desenvolvimento que, no nosso país, teve o transporte rodoviário de pessoas e mercadorias.
Essas estradas-património despertam-nos a nostalogia dos tempos em que os automóveis eram poucos e cada viagem era algo que se antecipava com entusiasmo e que se usufruia com prazer. Hoje, os tempos são outros e os números pairam, sombrios, no nosso subconsciente, quando se fala de estradas. Na Europa, cerca de 30 por cento do consumo total de energia é representado pelos transportes. Em Portugal esse número sobe para 36 por cento, ultrapassando a própria actividade industrial. Dentro do sector dos transportes e no conjunto dos países da UE, 83 por cento do consumo total total correspondem ao modo rodoviário. O sector dos transportes era, em meados dos anos 90, responsável por 26 por cento das emissões de CO2 da UE. Tais emissões aumentaram substancialmente de então para cá, pondo em risco, em muito países, entre eles o nosso, o cumprimento das metas do Protocolo de Quioto.
Falar de estradas obriga, portanto, a falar de outras coisas, e não só da protecção do ambiente, é da protecção da própria vida humana: as estradas portuguesas fazem, todos os dias, mais baixas do que as sofridas pelos americanos em cenários de guerra como o Iraque. É claro que a culpa não é das nossas estradas (embora, por vezes, reconhecidamente mal concebidas), mas, sobretudo, de quem as utiliza de forma agressiva e irresponsável. Ao dedicar um número da P&C às estradas, o GECoRPA não pode passar em branco esta realidade, que nos aflige e envergonha. O massacre que nelas está a acontecer tem que acabar.
V. Cóias e Silva