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Os caminhos-de-ferro como património cultural: um bom tema para os quatro anos da Pedra & Cal.
Entre nós, os "anos de ouro" dos caminhos-de-ferro não criaram grandes fortunas, como na América. Não existem marcos históricos como o Liverpool & Manchester ou o Semmering. No entanto, assim que, terminadas as lutas liberais, o país conseguiu alguma estabilidade, aderiu, com grande entusiasmo, ao nóvel meio de trasnsporte.
Em Outubro de 1856, D. Pedro V inaugurava, com pompa e circunstância, os primeiros quilómetros de vias em Portugal, de Lisboa ao Carregado e, a partir daí, a rede foi crescendo, com persistente determinação.
"Sou tão enthusiasta pelos caminhos de ferro, que, se fosse possível, obrigava todo o paiz a viajar de comboio durante 6 meses", dia Fontes Pereira de Melo, já em 1883 (segundo o sítio http://comboios.no.sapo.pt/).
As repercussões da nova rede de transportes foram imensas. A ligação entre as cidades e a província contribuiu, para o acesso à "civilização" de um interior ostracizado, e a economia ganhou um renovado impulso. Os caminhos-de-ferro foram, sem dúvida, um dos instrumentos mais poderosos da Regeneração. E o comboio foi rapidamente integrado pela nossa cultura e acarinhado pela nossa gente. Para além do entusiamo dos "fans", os caminhos-de-ferro constituem, hoje, um valioso património construído que o país não pode ignorar e, muito menos, despediçar.
Felizmente, o público parece estar alertado para o valor desse património e, do lado dos responsáveis, os sinais são de vontade de o restaurar e valorizar. De facto, estão em curso um conjunto de iniciativas nesse sentido, como o programa de recuperação das estações e da reactivação de antigas linhas, que a Refer está actualmente empenhada.
Ao longo dos quatro anos de publicação, que este número assinala, a Pedra & Cal tem defendido que o património é muito mais que igrejas e castelos. Os caminhos-de-ferro são um excelente exemplo de que assim é. Por isso, a P&C orgulha-se de dedicar esta edição às ferrovias e aos ferroviários. Agradece a todos os que colaboraram, em particular ao prof. Jorge Paulino Pereira, que coordenou, e a Metropolitano de Lisboa, que patrocinou esta edição da revista.
Vítor Cóias e Silva