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As futuras gerações são constituídas pelos nossos filhos e netos e os seus descendentes. Teoricamente, todos desejamos para eles um mundo melhor. Todos sabemos, no entanto, que esse será um mundo mais competitivo e exigente, quer no plano interpessoal, quer no plano internacional. Num e noutro plano, o sucesso passa pela detenção de recursos e pela capacidade de os rentabilizar, de modo eficaz e sustentável, criando condições que permitam uma vida saudável, digna e produtiva para todos.
Em Portugal, os principais recursos disponíveis são, em primeiro lugar, os humanos, ou seja, nós próprios e a nossa capacidade de criar riqueza; em segundo lugar, o nosso património natural e cultural, isto é, a herança que recebemos da geração anterior. Deixando de lado o bom aproveitamento dos recursos humanos (sobre o qual, obviamente, muito também haveria a dizer), e olhando apenas para o nosso património, há uma questão básica sobre a qual é preciso reflectir:
Estão os “crescidos” de hoje a gerir devidamente a herança – o Património Natural e o Património Cultural – que receberam da geração anterior e que lhes compete deixar aos “miúdos”? Por outras palavras: o uso que fazem desse património, os adultos de hoje, é sustentável, evitando delapidá-lo e desvalorizá-lo?
A resposta é, infelizmente, negativa. Teoricamente, todos os “crescidos” desejam para os “miúdos” um mundo melhor, com o direito a usufruírem, por seu turno, do património natural e cultural que pertence a todos e a cada geração de portugueses. Mas, na prática, as suas atitudes e comportamentos vão em sentido contrário. Basta olhar à volta: artificialização galopante dos melhores lugares da orla costeira com urbanizações e resorts, exploração de pedreiras em parques naturais para fabricar cimento, extracção de areia dos rios e lagos para mais construções, destruição de montado para construir campos de golfe, destruição de habitats e de ecossistemas com a construção de mais auto-estradas e mais barragens… Isto, no que toca ao património natural. No que toca ao património cultural, o abandono e decadência da cidade antiga, de que o “melhor” exemplo é a própria capital do País… A descaracterização dos centros históricos com construções espúrias, abandono dos monumentos e sítios ou a sua deterioração por intervenções mal concebidas ou mal executadas.
A cupidez e ganância dos “crescidos” de hoje, não só desvaloriza e delapida o património, como contribui, pelo mau exemplo, para que os “miúdos” de hoje, ao chegarem a adultos, não sejam, eles próprios, depositários responsáveis desse património.
É claro que há bons exemplos e “crescidos” responsáveis. Mas não existem em número suficiente para influenciarem uma sociedade que há muito resvala pelas encostas anónimas da história: ou são demasiado “sensatos” para tentarem mudar o mundo à sua volta, ou remam contra a corrente avassaladora da mediocridade e do facilitismo. Aos “crescidos” que remam contra a maré e, sobretudo, aos “miúdos”, se dedica este exercício da Pedra & Cal. Aos primeiros, esperando que a sua abnegação e persistência consiga reunir finalmente a massa crítica necessária à mudança; aos segundos, esperando que venham a constituir uma geração mais responsável e inteligente do que a actual.