Ser associado do GECoRPA pode abrir-te a porta a um mundo de oportunidades! Se tens 40 anos ou menos, junta-te a nós, aproveitando a campanha Associado Júnior+
É hoje ponto assente que a salvaguarda de um monumento ou de um edifício histórico passa pela manutenção do seu valor tecnológico, isto é, pela preservação dos materiais e técnicas construtivas utilizadas, e por extensão, do funcionamento estrutural original. Na base deste requisito encontra-se a moderna teoria da conservação, imperativa no caso dos edifícios e de outras construções de reconhecido valor cultural, por força das cartas e convenções internacionais subscritas por Portugal. Mas não só nos monumentos e edifícios históricos a manutenção dos materiais e funcionamento estrutural original é defensável: mesmo em edifícios antigos correntes – aqueles que não constituem património arquitectónico relevante – se justifica idêntica abordagem: é que, se isso for feito, reduz-se o impacto da intervenção de reabilitação quer do ponto de vista ambiental – através da redução da quantidade de entulhos e resíduos produzidos, e da quantidade de materiais novos consumidos – quer do ponto de vista dos utentes do bairro e da cidade, possibilitando estaleiros mais pequenos e menos transportes pesados. O recurso criterioso a técnicas de reabilitação recentes, conjugadas com os ofícios tradicionais, permite responder, na prática, a este desiderato. A substituição de pavimentos e coberturas antigas de madeira por outras de aço e betão armado não é hoje senão uma alternativa – pesada e intrusiva – a uma verdadeira caixa de ferramentas de reabilitação estrutural onde o projectista e o construtor avisados podem ir buscar soluções técnicas respeitadoras da autenticidade, do ambiente e dos utentes da cidade. A substituição dos elementos estruturais de madeira pode ser selectiva e a sua reparação estrutural pode ser pontual, cingindo-se às partes afectadas por insectos xilófagos ou por podridões, que podem ser removidas e substituídas por próteses de madeira idêntica, solidamente implantadas no elemento original.
O próprio comportamento das estruturas de madeira em caso de incêndio – frequentemente tratado de forma redutora – pode ser, hoje, melhorado, através de materiais e técnicas de tratamento de eficácia comprovada.
Ao dedicar o número 29 da Pedra & Cal à reabilitação das estruturas de madeira, espera-se contribuir para desfazer alguns equívocos e preconceitos quanto à preservação das partes de madeira das construções antigas e, por esta via, para a salvaguarda da autenticidade construtiva e estrutural dos edifícios antigos, e para a redução dos impactos das intervenções de reabilitação. Vítor Cóias, Director