Revista Pedra&Cal

Casas Antigas Portuguesas

Indíce

02 Editorial

03 Sócios apoiantes

04 Associação Portuguesa das Casas Antigas
30 anos a salvaguardar o património histórico e arquitectónico privado
 JOANA GIL MORÃO, ELISABETE CONCEIÇÃO

08 Arquitectura doméstica da Pré e Proto-História em território português
No âmbito deste número sobre as casas antigas portuguesas, o artigo que aqui se apresenta procura mostrar, de uma forma necessariamente sintética, a evolução da arquitectura doméstica durante a Pré e a Proto-História em território português, reportan
 PAULO FÉLIX

12 Reabilitação de duas casas rurais de arquitectura tradicional “corrente” numa aldeia do Oeste
Poucas serão as aldeias do Oeste que mantêm preservada a unidade urbanística ancestral, como a Ribeira Maria Afonso (Torres Vedras), a par da qualidade arquitectónica do conjunto, essencialmente composto por edifícios comuns e de duas ou três casas s
 VICTOR MESTRE

16 O edifício do Consulado Inglês renasce das cinzas
O edifício conhecido por Consulado Inglês é, provavelmente, um dos mais antigos da cidade do Mindelo. Está praticamente em ruínas e clama por uma intervenção urgente. A Câmara Municipal, consciente da sua importância histórica, colocou as obras de re
 ANTÓNIO JORGE DELGADO, HUGO ABRANTES DA CUNHA, MANUELA CUNHA

19 Mouraria: as cidades dentro da cidade
No âmbito do QREN-POR Lisboa, a Câmara Municipal de Lisboa (CML) candidatou o Programa de Acção Mouraria – as cidades dentro da cidade, que foi aprovado. Esta é uma oportunidade ímpar de actuação, através da concertação das agendas dos diversos agent
 TERESA DUARTE

20 Chalet de Miramar... ou Palácio Anjos
A casa de veraneio que acolhe o Centro de Arte Manuel de Brito
 ALEXANDRA ANTUNES

22 O Paço de Calheiros
O Paço de Calheiros foi pioneiro enquanto promotor do Turismo de Habitação, utilizando a linha de financiamento criada pelo Estado com o objectivo de apoiar a recuperação de imóveis de interesse arquitectónico e dar continuidade à sua manutenção atra
 FRANCISCO DE CALHEIROS

24 Palácio Braamcamp, em Lisboa
Novos usos para a arquitectura residencial qualificada
 CARLOS BANDOLA

28 Casas do Lagar
Reconstrução de cinco moradias
 CARLOS BANDOLA, PEDRO SILVA

30 Reabilitação de um palacete em Braga
Reabilitação de um palacete em Braga

32 A Casa Major Belmonte Pessoa
Reforço estrutural
 MIGUEL SANTOS, JERÓNIMO BOTELHO

35 Serviço aos Associados
Incentivos ao investimento das empresas

36 Reabilitação urbana: o sector da construção não está preparado
 VÍTOR CÓIAS

40 As Leis do Património
O Ajuste Directo - Limite do valor trienal
 A. JAIME MARTINS

41 Notícias

44 Agenda

46 Vida Associativa

48 Casas velhas
 ANTÓNIO PEREIRA COUTINHO

49 Livraria

51 Associados GECoRPA

Preço: 5,00 €

N.º 43
Casas Antigas Portuguesas


Por vezes, o adjectivo “velho” significa qualidade e carácter: veja-se o caso do “whisky velho” ou do “Porto velho”… Mas é raro: “velho” surge, normalmente, conotado com uma ideia de “decadência” ou de “degradação”, em particular se o adjectivo é usado a seguir ao substantivo. É o que acontece quando se trata de edifícios. Ao conceito de “velho” contrapõe-se, naturalmente, o de “antigo”: descrever um certo edifício como “antigo”, pressupõe que se fez ou se tenciona fazer algo para, pelo menos, travar o seu processo de degradação, isto é, para o conservar ou preservar. Desejavelmente, até, procurar-se-á restituir tal edifício a um estado semelhante ao que apresentava quando foi construído, ou seja, promover o seu restauro. Intervenções de conservação ou de restauro justificam-se se o bem em causa possuir um valor intrínseco que interessa salvaguardar. Tal valor pode ser de diversa natureza: valor histórico, se o edifício está associado a um evento ou personalidade historicamente importante; valor arquitectónico, se representa uma época, um estilo ou é um trabalho de um grande arquitecto, valor tecnológico, se é um exemplo de uma tecnologia
 
construtiva relevante, entretanto abandonada e, até, o valor como antiguidade, ou seja o valor associado, simplesmente, à própria idade do edifício.

Quando se fala de edifícios antigos é necessário distinguir entre os que surgiram nas cidades e os que foram construídos em ambiente rural. Quanto aos primeiros, é conhecido o seu enorme peso no parque edificado das cidades portuguesas: assim, por exemplo, na cidade de Lisboa, se, para simplificar, se tomar como referência a tecnologia construtiva, mais de 60 por cento dos 53 170 edifícios existentes, têm a sua estrutura resistente constituída por paredes de alvenaria, podendo ser considerados antigos. É claro que nem todos merecerão realmente ser classificados como “antigos”, sendo alguns simplesmente “velhos”… Aliás, a definição de critérios para distinguir os primeiros dos segundos já é, em si, um problema. Os segundos, os edifícios de habitação, geralmente, unifamiliares – ou casas – que foram construídas em ambiente rural, podem, ainda, ser divididas em dois grandes grupos: as que se incluem na chamada arquitectura “popular”, ou “vernácula”, de carácter por vezes precário, construídas, no passado, pelas populações rurais utilizando uma grande variedade de materiais e técnicas (tema de capa do n.º 25 da P&C), e as construídas, ao longo de séculos, pelas famílias tradicionais portuguesas, sobretudo ligadas à antiga aristocracia rural. Estas últimas constituem o universo das “Casas Antigas”, a que o presente número da P&C é dedicado. Segundo a Associação Portuguesa das Casas Antigas (APCA), estimam-se em 10 000 as unidades passíveis de incorporar aquele universo. Conforme Hugo O’Neill, presidente da APCA, refere na entrevista que concedeu à P&C, muitas dessas casas estarão em ruínas e dificilmente serão recuperáveis. Mas uma boa parte é recuperável e encontra-se, até, razoavelmente conservada e em funcionamento. Esse acervo construído representa um activo muito importante para o País, em termos culturais e em termos económicos. Ao contrário dos novos resorts de luxo que, por todo o País, vêm acelerando a artificialização das melhores zonas, as casas antigas inscrevem-se perfeitamente no conceito de turismo sustentável. Proporcionam, além disso, ao nossos visitantes, uma forte componente cultural, ausente na maior parte daqueles empreendimentos.

O esforço que vem sendo feito pelos proprietários, agravado pela própria vetustez dos edifícios, merece, portanto, o apoio da administração central e local, quer ao nível das intervenções de conservação ou reabilitação, quer ao nível dos projectos de valorização – turísticos ou de outra natureza – que permitam aos proprietários rentabilizar as suas infra-estruturas.

Duas notas finais:
1 – Cessou o contributo que o ilustre Arquitecto Nuno Teotónio Pereira vinha trazendo à P&C, através dos sábios e oportunos textos que davam corpo à secção “Perspectivas”, uma das mais apreciadas pelos nossos leitores. Na carta que nos escreveu, dando-nos conta das suas actuais limitações de saúde, Nuno Teotónio Pereira recomendava-nos um subs-
tituto: José Aguiar, um amigo de longa data do GECoRPA, parceiro em várias iniciativas da área do Património e colaborador da P&C desde o n.º 0.

2 – A P&C conta, a partir deste número, com um Conselho Redactorial alargado, que contribuirá, certamente, para dar à revista um novo alento e uma nova dinâmica.

Agradeço a Nuno Teotónio Pereira o interesse e o tempo que, desde o princípio, dedicou à Pedra & Cal e espero poder continuar a contar com a sua colaboração, sob a forma que entender mais adequada.

Agradeço, igualmente, a José Aguiar e aos novos membros do Conselho Redactorial a disponibilidade para participarem no projecto editorial do GECoRPA, a bem do Património Arquitectónico do nosso País.
 


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