O projeto, liderado por Alexandrino Gonçalves, do Departamento de Engenharia Informática do Instituto Politécnico de Leiria, foca-se sobretudo no papel da iluminação para percecionar os espaços interiores.
A Casa dos Repuxos não tinha janelas, pelo que era iluminada com lâmpadas de azeite, pousadas no chão ou em altos candelabros. Os vestígios destas formas de iluminação foram encontrados nas ruínas de Conímbriga, sendo utilizados como modelos para a reconstituição virtual. A equipa procedeu ao estudo das caraterísticas do azeite e dos pavios utilizados pelos romanos para elaborar um modelo em 3D da estrutura, construída no início do século I da era Cristã.
A reconstituição, executada a partir de imagens de alto alcance dinâmico, foi mostrada a vários voluntários, permitindo concluir que os tons de cor dos mosaicos são percecionados de forma diferente de acordo com a iluminação. Quando vistos à moderna luz elétrica, os mosaicos parecem acastanhados, enquanto a iluminação romana os mostrava vermelhos cálidos, contribuindo para criar uma sensação mais reconfortante e relaxante. A iluminação a lâmpadas de azeite também permitia uma maior fixação do olhar nos frescos e nos mosaicos, ao contrário da luz elétrica, que proporciona dispersão do olhar. Concluiu-se, assim, que a iluminação era posicionada pelos romanos de forma estratégica, de forma potenciar a decoração da habitação.
A tecnologia utilizada pelos investigadores permite gerar modelos que se assemelhem à sensibilidade do sistema visual humano em condições de fraca iluminação, mostrando a sala tal como ela teria sido vista por um romano. Além da ajudar a uma mais detalhada interpretação dos achados históricos, aliar a tecnologia à pesquisa arqueológica pode, acredita a equipa, ajudar a comunicar melhor com o público e a proporcionar um maior contato com a realidade histórica.
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