A investigação arqueológica, desenvolvida no âmbito do projeto “À Conquista do Castelo”, dedica-se agora a efetuar “mais estudos acerca dos restantes panos de muralha, em busca dos originais e assinalando as várias modificações ao longo dos séculos”, revelam ao GECoRPA - Grémio do Património, Maria João de Sousa, arqueóloga dos Parques de Sintra, e o engenheiro Daniel Silva, coordenador da iniciativa.
Apesar da descoberta destes vestígios, a origem do monumento não deve ser posta em causa. “O Castelo tem fundação árabe, aliás, sustentada pelos vestígios de um bairro islâmico identificado durantes os trabalhos arqueológicos”, explicam os responsáveis. “Deste ponto de vista, será sempre o Castelo dos Mouros”.
A investigação tem, por sinal, trazido à luz do dia vários artefactos produzidos no período de ocupação árabe. “Foi possível recolher recipientes cerâmicos de cozinha, candeias de iluminação, peças de fiar e alguns objetos de adorno, que, efetivamente, trazem até aos nossos dias um pouco dessas populações que deram vida a este monumento”, contam Maria João de Sousa e Daniel Silva.
Após as investigações no campo, a equipa dedica-se agora a realizar o trabalho de gabinete que, destacam, “valida todos os resultados”. Elaborar relatórios técnicos, produzir e cartografar achados e inventariar e estudar os artefactos recolhidos são algumas das tarefas que ocupam os investigadores do projeto, que está previsto terminar na primavera de 2013.
A iniciativa, orçada em três milhões de euros, procura fomentar “um melhor esclarecimento dos visitantes” e “melhorar a experiência turística” do Castelo dos Mouros, classificado como Monumento Nacional pela DGPC. Além de restaurar as muralhas, partes das quais estavam em risco de ruína, o “À Conquista do Castelo” irá criar infraestruturas de apoio aos mais de 270 mil visitantes anuais.
O projeto passa ainda pela inauguração de um Centro Interpretativo da História do Castelo e de um percurso visitável no interior da cisterna, bem como pela adaptação dos equipamentos de apoio ao visitante aos achados arqueológicos jazentes. Esta intervenção, em larga escala, é da responsabilidade da
AOF, empresa associada do Grémio. “O resultado deste projeto vai permitir ao visitante, agora mais do que nunca, sentir que aqui viveu gente noutras épocas”, concluem os responsáveis.