As imagens, em exposição na Sala do Veado do Museu Nacional de História Natural e da Ciência, em Lisboa, mostram seis dos vários edifícios abandonados no centro urbano.

Apesar de todas as fotografias terem sido tiradas em Lisboa, Filipe Condado confessa ter-se deparado com “situações muito diferentes”. “Algumas casas estavam literalmente abandonadas, com alguns vestígios de ocupação ilícita”, conta o fotógrafo ao GECoRPA – Grémio do Património. “Outras, a que tive acesso graças à autorização dos proprietários, tinham sido deixadas por morte dos antigos inquilinos”.

Foram estas últimas que mais marcaram Filipe Condado. “Tratavam-se daquelas situações típicas de rendas muito antigas em que os proprietários, por razões óbvias, não tinham possibilidade de ir recuperando as casas ao longo do tempo”, explica. “Com a morte dos antigos inquilinos, as casas foram entregues pelos familiares, muitas vezes pessoas sem grande ligação, que nem tinham o interesse em tirar o recheio da casa”.

O fotógrafo encontrou, assim, vestígios de vida nos imóveis há muito desocupados, detalhes que imortalizou com a sua câmara. “O que mais me impressionou foi ver objetos abandonados há muito tempo, mas arrumados como se ainda estivessem a uso”, revela.

Proporcionar “algum tipo de aventura” por este mundo de memórias e sensações é um dos objetivos de Filipe Condado, que procura, “mostrar um lado das coisas e das realidades que, numa primeira instância, nos passam despercebidos”. A exposição “Casas Vazias”, considera o autor, “poderá levar as pessoas a pensar em muitas coisas: questionar o uso, tantas vezes efémero, das coisas; questionar a construção nova ao lado de prédios vazios; questionar o modo como nos relacionamos com quem vive ao nosso lado”.