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Fórum Cidadania Lisboa defende valorização da calçada portuguesa

Passeio degradado em Cruzes da Sé, Lisboa | Fórum Cidadania Lisboa
Passeio degradado em Cruzes da Sé, Lisboa | Fórum Cidadania Lisboa

O Movimento Fórum Cidadania Lisboa enviou uma carta à autarquia de Lisboa onde destaca a necessidade de preservar e reconhecer a importância da calçada portuguesa.

O grupo de cidadãos defende que a aplicação e conservação deste tipo de pavimento deve ser regulamentada e atribuída apenas a empresas e pessoas com qualificação para as tarefas. “A conservação é tão importante quanto a boa colocação”, explica Paulo Ferrero, fundador do Movimento, ao GECoRPA – Grémio do Património. Mas o que se assiste no presente, e desde há mais de dez anos é um mau assentamento das pedras, com recurso a cimento e sem maços de assentamento, e uma manutenção inexistente ou insuficiente, critica o representante.

A crescente degradação da calçada portuguesa deve-se, em grande medida, à falta de “reconhecimento, carinho e remuneração adequada pela Câmara Municipal de Lisboa à profissão de calceteiro”, acredita Ferrero. A ausência de uma escola de calceteiros e a existência de cada vez menos mestres profissionais desta área são algumas das falhas apontadas pelo Cidadania Lisboa.
 
Desta falta de preparação resulta uma incorreta colocação e manutenção do pavimento. “A calçada deve ser picada nos planos inclinados a fim de evitar que seja polida pelo uso frequente e escorregadia e, portanto, perigosa”, exemplifica Ferrero. Mas tal prática é aplicada apenas "em casos excecionais, por calceteiros dignos desse nome, regra geral em locais muito particulares”. A título de exemplo, o representante destaca a intervenção bem conseguida nos passeios da Calçada do Sacramento, no Chiado.
 
O Movimento considera ainda que a calçada portuguesa não deve ser substituída por outros tipos de pavimento, pelo menos em zonas históricas de Lisboa, por fazer parte da identidade da cidade e constituir um atrativo turístico. Paulo Ferrero vê na calçada típica um “património riquíssimo”, sem o qual “ a luminosidade de Lisboa, por exemplo, seria muito menor”, acredita.
 
O fundador do Cidadania Lisboa sublinha também que o investimento neste tipo de pavimento pode ser um “factor de alavancagem da economia”, devido à crise que atualmente assola o setor de extração e produção de pedras.

A calçada portuguesa já é reconhecida além-fronteiras, com o Financial Times a destacar no mês passado, os “maravilhosos padrões em ondas” visíveis no chão da capital portuguesa. Também no Brasil a calçada é uma presença apreciada, sendo, defende Ferrero, “mais acarinhada do que cá, segundo rezam as crónicas dos atuais viajantes”.
 
O documento divulgado pelo Movimento Fórum Cidadania Lisboa em defesa da calçada portuguesa continua, até à data, sem resposta por quem de direito.
 

12/02/2013

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Calçada portuguesa destruída no passeio da Rua do Olival, Lisboa | Fórum Cidadania Lisboa

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