O fundeadouro, que se estima ter sido utilizado entre o século I a. C. e o século V, consiste num espaço à beira da costa onde os barcos ancoravam temporariamente. A zona era, no tempo dos Romanos, uma pequena baía onde os navios praticavam trânsito de cargas?? e de passageiros e executavam reparações.
Foram também encontrados pela equipa de arqueólogos materiais de uso quotidiano, tal como ânforas oriundas de vários locais do Império, que serviam para armazenar alimentos ou bebidas, e artefactos de cerâmica, que se pensa fazerem parte da baixela de consumo das emabarcações ou das elites locais??. A descoberta,m segundo o arqueólogo Alexandre Sarrazola, permite ilustrar o papel de Lisboa enquanto entreposto relevante para a economia do Império Romano.
No espaço escavado, que irá em breve dar origem a um parque de estacionamento subterrâneo, encontraram-se ainda vestígios de várias estruturas arquitetónicas e portuárias, que confirmam a dimensão atlântica do Cais do Sodré ao longo dos séculos. As estruturas portuárias do Forte de S. Paulo, originário do século XVII, e da Casa da Moeda, do século XVIII, são alguns dos vestígios investigados, bem como os alicerces da fundição do Arsenal Real e o aterro da Boavista, do século XIX.
O solo lodoso do Cais do Sodré contribuiu para a preservação dos vestígios encontrados pela equipa de arqueológos, que trabalha há dois anos no local. A importância da zona já foi atestada por outras descobertas da equipa, como navios do século XVII e uma grade de maré, que terá protegido os vestígios romanos do maremoto que se sucedeu ao grande sismo de 1755.