Contando com cerca de 40 participantes, a visita começou na Praça Duque de Saldanha, junto a um palacete devoluto do início do séc. XX correspondente N.º 1 da Av. da República, e seguiu esta avenida até à Elias Garcia. O itinerário terminou nas imediações da Maternidade Alfredo da Costa, pelas ruas António Enes, Pinheiro Chagas, Latino Coelho e Av. Luís Bivar. O percurso teve diversas paragens para observação de mais de 30 edifícios e conjuntos arquitetónicos.
As Avenidas Novas de Lisboa são o resultado da necessidade de expansão da cidade para Norte, acompanhando o crescimento populacional que se verificou com a industrialização, no final do século XIX. Partindo do antigo Passeio Público e tendo em vista a ligação com o Passeio do Campo Grande, as Avenidas apropriam princípios e técnicas do urbanismo progressista à semelhança de Paris ou Barcelona. O alargamento das ruas, o loteamento com matriz geométrica, a canalização de água e esgotos e a abundância de vegetação resultam da preocupação de higienizar e modernizar a cidade, desenvolvendo e potenciando algumas decisões do plano pombalino.
No entanto, a qualidade do desenho urbano não teve correspondente na resolução arquitetónica, que foi muito heterogénea, já que o plano não continha princípios normativos nessa matéria. Cada promotor pôde optar livremente pela ocupação de toda a frente do lote ou não, pelo isolamento do edifício ou pela disposição em banda, pela tipologia de palacete ou prédio de rendimento.
Também a nível construtivo alguns dos edifícios apresentam insuficiências, nomeadamente os chamados "gaioleiros", como assinalou Vítor Cóias nas suas intervenções. Resultante da progressiva deturpação da gaiola pombalina e da deterioração dos processos construtivos, este tipo de edificação é caracterizado, genericamente, pela ausência de continuidade estrutural, reduzida densidade e elevada precariedade do ponto de vista da segurança sísmica.
A visita guiada pôs em evidência a necessidade de salvaguarda e conservação do património arquitetónico das Avenidas Novas, e em particular a reabilitação sísmica dos edifícios "gaioleiros".