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Possibilidade de reconstrução de Palmira divide opiniões

Vista geral da cidade histórica de Palmira. Fotografia: Sana Sana / Reuters
Vista geral da cidade histórica de Palmira. Fotografia: Sana Sana / Reuters

Poucos dias antes de Palmira, Património Mundial da UNESCO na Síria, ter sido recuperada ao "Estado Islâmico" pelas forças leais ao regime de Bashar al-Assad, o responsável governamental sírio pelo património e antiguidades, Maamoun Abdelkarim, prometia a reconstrução dos monumentos sob o eventual auxílio da UNESCO.

A entrada do exército na cidade, após uma campanha de 3 semanas, permitiu conhecer a extensão real dos danos causados ao património, tendo sido confirmada a destruição dos templos de Baal-Shamin e de Bêl, o Arco do Triunfo e uma série de túmulos. Ao contrário do que se julgava, as peças do museu não tinham sido retiradas antes da chegada do grupo terrorista, e todas as estátuas foram encontradas derrubadas, quebradas ou decapitadas.

O responsável governamental sírio, insistindo na ideia de uma reconstrução, afirmou que seriam necessários cinco anos para reabilitar os monumentos destruídos ou danificados na cidade, que esteve ocupada pelo grupo "Estado Islâmico" durante 10 meses.

A promessa de reconstrução de Palmira causou perplexidade num dos membros do grupo de especialistas da UNESCO para o património sírio, Annie Sartre-Fauriat, perante a destruição considerável e as pilhagens na cidade antiga e no museu.

"Quando ouço dizer que se vai reconstruir o templo de Bêl, parece-me uma ilusão. Não vamos reconstruir uma coisa que foi reduzida a escombros e a poeira. Construir o quê? Um templo novo? Haverá talvez outras prioridades na Síria antes da reconstrução de ruínas", declarou a historiadora especialista no Médio Oriente. Annie Sartre-Fauriat acrescentou ainda que não estará tranquila enquanto apenas o exército sírio estiver em Palmira, recordando a destruição causada por estas mesmas forças entre 2012 e 2015.

A reconstrução de Palmira traria maior capacidade de atração de turistas, beneficiando a economia da região. A reconstituição do todo a partir das partes, ou anastilose, parece ser possível para as construções em pedra aparelhada. Por outro lado, existe a possibilidade de erro na recomposição dos elementos recuperados e consequente perda de autenticidade. A reconstrução da cidade implica também o risco de eliminação de um episódio relevante da história de Palmira: a própria destruição pelos terroristas.

29/04/2016

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