Revista Pedra&Cal

GIGANTES METÁLICOS

Indíce

0 - REVISTA COMPLETA N.º 71

04 - EDITORIAL
 Inês Flores-Colen e Leonor Medeiros

06 - REFLEXÕES Os Titãs do Porto de Leixões.Nota histórica e tecnológica
 Leonor Medeiros

11 - Desafios na conservação de gigantes metálico
 Alexon Santos, Rui Oliveira

16 - BOAS PRÁTICAS Recuperação das carruagens Schindler. Ativos patrimoniais ao serviço da ferrovia, da economia e do transporte de passageiros
 Pedro Mêda, José Carlos Barbosa, Manuel António Pereira

24 - Basílica de São Sebastião (Filipinas). Dano e desempenho sísmico
 Nuno Mendes, Paulo B. Lourenço

28 - Fábrica do Paleão. Avaliação estrutural de elementos metálicos
 Kori Krichko, Isabel Valente, Paulo B. Lourenço

36 - Adaptação a uma solução de BRT – MetroBus. Alto de São João, Serpins
 Armando Pereira

44 - ESTUDO DE CASO Análise do valor patrimonial da antiga estação de eléctricos do Arco do Cego em Lisboa, com vista à sua reconversão para futuro
 IST Innovation Center José Maria Lobo de Carvalho

50 PATRIMÓNIO PERIGO As devantures na arquitectura oitocentista e de Novecentos do Porto
 Antero Leite

56 - LEGISLAÇÃO Trezentos anos do alvará de 1721
 Miguel Brito Correia

58 - CONREA’21 Contributos do CONREA para o conhecimento da prática de reabilitação
 Alice Tavares

62 - LIVRARIA E CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO

63 - NOTÍCIAS

66 - AGENDA

67 VIDA ASSOCIATIVA

70 - ASSOCIADOS GECoRPA – Grémio do Património

71 - Estatuto Editorial da Pedra & Cal

N.º 71
GIGANTES METÁLICOS

DESAFIOS NA CONSERVAÇÃO E REABILITAÇÃO


Vem aí um ano em grande!

Nesta edição da Pedra & Cal o tema de capa é sobre algo grandioso. Alguns dos artigos fazem-nos recordar que há mais um tipo de património cujas  histórias precisam de resgate: o património industrial e elementos tecnológicos de grandes dimensões.
O espírito de Natal é também algo grandioso. Muda muitos de nós e torna-nos mais generosos e mais  conscientes para muitas coisas que precisam da nossa intervenção e ajuda contínua, não apenas numa determinada época passageira. Para  cumprir a missão desta revista e da associação que lhe dá vida, podermos atingir semelhante consciência e estado de espírito é igualmente importante. Porque para preservar o património também é preciso o espírito de partilha e a vontade de dar: transmitir aos que já cá estão o valor daquilo que faz parte da nossa identidade coletiva e que ajuda a definir-nos individualmente e a deixar algo para as futuras gerações. Um “presente” para ajudar a recordar de onde viemos e para motivar no caminho futuro. Grandioso será também o ano de 2022. O GECoRPA fará 25 anos desde a sua formação! Quase sempre, quando entramos num novo ano, fazemos projeções para o vindouro, definimos prioridades e estabelecemos metas.
Com o aumento do número de associados, é garantido que haverá maior dinâmica, com mais eventos e atividades que a Pedra & Cal poderá dar-vos a conhecer e ajudar a divulgar, sempre sem mudar o foco na salvaguarda do património.
Algo também usual, no fecho de um ano, é fazer-se um balanço. Apesar de estarmos a atravessar um período difícil, caracterizado por diversas condicionantes, o balanço do trabalho e do progresso das atividades do GECoRPA e da Pedra & Cal é bastante positivo e esta nova direção está motivada e confiante em conseguir fazer muito mais “coisas grandes” na senda da sua missão e perpetuar e potenciar o trabalho feito durante este quarto de século de existência.
São também já vinte e quatro anos que esta publicação está perto de completar. Isso é também um feito grandioso. A revista continua a ser disponibilizada online e é de acesso livre porque se a defesa do património é da responsabilidade de todos, as ferramentas para o ajudar a fazer também devem ser para todos.
Espero que façam boa leitura e que possamos contar com todos vós em mais um novo ano de esforço na valorização e defesa do património, em todas as suas vertentes. 
 
Desejo um 2022 cheio de saúde e em grande!

Inês Flores-Colen | Diretora da Pedra & Cal
   
   
   




Gigantes metálicos

Neste número da Pedra & Cal pomos o foco numa escala e num material muito particulares, que apresentam desafios e projectos tão gigantescos quanto a sua dimensão.
Das várias escalas do património material, os objectos de grandes dimensões trazem os desafios da complexidade da sua (i)mobilidade, da dificuldade de acesso, da variedade de componentes e materiais que os integram (alguns já há muito fora de uso na construção), e até os desafios da necessidade de equipas multidisciplinares, especializadas em diferentes áreas, ou mesmo dos valores elevados na aplicação das melhores técnicas e novas tecnologias hoje disponíveis para a sua conservação e reabilitação.
O conceito de ‘gigantes metálicos’ permite-nos assim olhar transdisciplinarmente para os elementos construídos com recurso a metal e a grande escala, da estrutura do edifício ao meio de transporte. Os vários exemplos que nos são apresentados pelos autores trazem-nos várias perspectivas e soluções, sobre diferentes objectos de estudo e a diferentes escalas. Quisemos olhar também com especial atenção para os desafios do património ferroviário, neste final do Ano Europeu do Transporte Ferroviário, que são exemplares particularmente representativos de ‘gigantes metálicos’.
Mas para além de uma questão técnica e científica, de gestão dos desafios de conservação e reabilitação de estruturas metálicas de grandes dimensões, sejam locomotivas, pontes, edifícios ou gruas, transparece também a  questão histórica e patrimonial destes elementos. A aposta na manutenção e re-uso, em vez da substituição ou alteração radical, é uma opção premeditada de manter este património vivo, não ‘porque sim’, mas porque as suas variadas histórias e valores técnicos se revelam úteis referências para o presente e o futuro.
Estes gigantes, feitos por pessoas comuns, são testemunhos da evolução tecnológica da sociedade, mas são acima de tudo testemunho da capacidade humana de encontrar soluções e de moldar o ambiente à sua volta. A história da sua conservação e reabilitação – embora nem sempre sendo um ‘desafio bem superado’ – entrelaça-se com as suas histórias de construção e de uso; ensinamentos e memórias que ficam sempre ancoradas no elemento físico original, e que, no caso dos gigantes metálicos, sempre relembram a audácia de quem se atreveu a sonhar e a executar em grande.

Leonor Medeiros | Coordenadora editorial da Pedra & Cal n.º 71

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