As intervenções em património construído, classificado ou não, requerem de todos os intervenientes a formação e a capacitação técnica necessárias para o integral cumprimento dos requisitos de compatibilidade exigidos (compatibilidade física, mecânica e química) entre os materiais pré-existente se os que vão ser aplicados, e o respeito pelos valores culturais e artísticos, quando existam, na construção em causa. As intervenções podem ter como objetivos principais o reforço ou a reabilitação (nomeadamente estrutural, térmica, acústica, funcional), e/ou o restauro total ou parcial de interiores e elementos decorativos. Em todos estes casos, a qualidade do projeto, muitas vezes antecedido e enriquecido por um programa de inspeções e diagnóstico da situação existente e por estudos que permitam conhecer o funcionamento da construção ao longo do tempo, bem como a qualidade dos trabalhos são fatores fundamentais para a preservação da memória histórica do edifício (ou outra construção) e a sua projeção para o futuro, em termos que as próximas gerações possam continuar transmitir e a usufruir deste património, em condições adequadas.

Pelo referido acima, uma das intervenções que requer um conhecimento muito aprofundado é a reabilitação, a conservação e o restauro ou a aplicação de revestimentos decorativos interiores, habitualmente sujeitos a elevados padrões de exigência e minucia. No atual número da nossa Revista Pedra& Cal, este tópico é abordado por diversos especialistas, transmitindo assim uma visão complementar e integrada das várias soluções, técnicas e materiais disponíveis. É sem dúvida um tema muito interessante no âmbito das intervenções em património, que foi superiormente abordado por todos os autores, alguns dos quais Associados do GECoRPA, a quem muito agradeço a sua partilha de conhecimento com todos os nossos leitores.

Por fim, um agradecimento muito sentido à Profª Dulce Franco Henriques, pela forma como soube conduzir a Coordenação editorial desta edição.

Fernando F. S. Pinho | Presidente da Direção do GECoRPA

É com o mais profundo prazer que dedicamos este número a um tipo de elemento construtivo que grita silenciosamente há já demasiado tempo, por respeito e cuidado: os revestimentos decorativos de interior em estuques e argamassas.

São muitos os casos em que, ao ser iniciada uma obra de reabilitação de um edifício antigo, são imediatamente “picadas” as paredes e arrancados os tetos fasquiados. Perguntando-nos pela razão primeira dessa prática, encontramos algumas das respostas no profundo desconhecimento e desrespeito pelo existente, que ainda vigora entre os agentes de reabilitação de edifícios antigos. Pois, se as questões da térmica, da acústica, do reforço estrutural, da alteração do pé-direito, da necessidade de fazer passar tubagens e cabos, entre outras, colocam problemas difíceis de compatibilizar com os elementos decorativos existentes, também o engenho de quem projeta e de quem executa, poderá encontrar as mais variadas soluções para os desafios que lhe são colocados.

Estamos certos de que a leitura desta revista fornecerá ao leitor o deleite de ver desfilar, página a página, imagem a imagem, texto a texto, as técnicas, os materiais, os processos, a arte, o tempo e o carinho com que eram revestidos e decorados os tetos e paredes antigamente. A leitura da revista dará também, pela pena de alguns dos maiores especialistas (tanto singulares, como empresas), o ensinamento de soluções modernas e adequadas aos nossos tempos, esclarecendo-nos sobre como adequar os edifícios às novas exigências, sem perda do respeito pelo existente e pelas soluções tradicionais.

Dulce Henriques | Vogal da Direção do GECoRPA