Pedra & Cal
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Revista Pedra & Cal
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Edição
61
A Cal material tradicional e inovador

O segundo termo do binómio que dá  nome a esta revsta  a "cal". Durante milénios foi o ligante mais usado pelos onstrutores, em articulação com a pedra, consituindo a alvearia. De pedra e cal é, há muito sinónimo de establidade, resistência e durabilidade.Em Portugal, a cal fabricou-se artesanalmente durante séculos, em todas as regiões onde afloram calcários, como ilustram alguns dos textos que compõem este número da Pedra&Cal.Como apareceu a cal ninguém sabe: as suas origens perdem-se no dealbar do homo sapiens, que podemos imaginar, fétido e hirsuto, mas sempre curioso, ao constatar que, na fogueira de há várias luas atrás, o pó em que algumas pedras se tinham começado a desfazer tinha solidificado, e as pedras estavam agora coladas umas às outras, apesar da água que sobre elas tinha caído... ou foi “graças” à água?...A cal foi profusamente utilizada pelos construtores, quer em estruturas, quer em revestimentos, até ser destronada pelo cimento, cujo fabrico se inicia em Lisboa, no Vale de Alcântara, nos anos sessenta do século XIX. É dessa altura o cimento da marca “Rasca”, nome da quinta, junto à foz do Sado, onde era extraída a matéria-prima. Com a instalação de novas fábricas de cimento na própria Quinta da Rasca, e em Alhandra e, sobretudo, com o advento do betão armado, cuja patente é registada em Portugal em 1896 por Hennebique, os novos materiais passaram a ser os preferidos dos construtores e começaram mesmo a ser utilizados na consolidação de monumentos e edifícios históricos.A incompatibilidade do cimento com as alvenarias antigas, a fraca durabilidade do betão armado e o peso excessivo dos elementos estruturais com ele construídos traduziram-se no insucesso de muitas das intervenções no património arquitetónico, realizadas, sobretudo, nas décadas de quarenta e cinquenta do século passado. Já no virar do século, assistiu-se em Portugal a uma rápida evolução no enfoque do setor da construção, que passou a incidir sobretudo na reabilitação do parque edificado, muito dele antigo. Tais circunstâncias ditaram um progressivo regresso ao uso da cal, quer na variante “aérea”, quer na variante “hidráulica”, que substitui com vantagem o cimento, quando a hidraulicidade do ligante se mostra necessária.As preocupações ambientais, que se agudizaram nas últimas décadas do século passado, contribuíram para o regresso à cal que, ao contrário do cimento, para ganhar resistência precisa de ir buscar à atmosfera o dióxido de carbono que para lá foi lançado durante o processo de fabrico.Neste número da P&C acompanha-se, a traços largos, a evolução dos usos deste vestuto, mas sábio e versátil ligante que é a cal, desde as tecnologias mais primitivas da sua produção, passando pela organização medieval dos mesteirais que a fabricavam e aplicavam, até aos desenvolvimentos mais recentes, com particular enfoque no trabalho que, no LNEC, vem desenvolvendo a eng.ª Rosário Veiga e a sua equipa.O regresso, paulatino mas benfazejo, ao uso da cal nos hábitos de quem concebe e projeta, logo de quem fabrica e de quem constrói, justifica que a Pedra&Cal a ele dedique este número, o primeiro produzido apenas em suporte digital.

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