O betão, uma vez colocado em obra, interage constantemente com oambiente que o circunda: liberta ou absorve água, reage com o dióxidode carbono e outros gases presentes na atmosfera; internamente, asreacções químicas que levaram ao seu endurecimento não param: atémesmo os "inertes" (areia e brita), que entraram na sua composição, nãosão verdadeiramente inertes, pois reagem lentamente com os componentes da pasta de cimento. Quando reforçado com "armaduras" deaço, os problemas complicam-se: para proteger os varões nele incorporados, o betão não deveria ser poroso nem fissurar e deveria permanecer alcalino. O betão é, contudo, intrinsecamente poroso, precisade fissurar para mobilizar a resistência das armaduras e tende a perder a alcalinidade em resultado da carbonatação.Os estaleiros de construção são fábricas volantes e os componentesutilizados, quer o cimento, quer, sobretudo, os inertes, apresentamgrande variabilidade de características. As condições de doseamento, amassadura, transporte, colocação, compactação e cura variamconstantemente.A durabilidade do produto final de todo este processo de concepção/construção depende, por outro lado, de grande número de intervenientes: arquitectos, engenheiros, empreiteiros, com graus de responsabilidade e qualificação muito variáveis, resultando extremamentesusceptível de falha humana.A precariedade, as contradições e a complexidade do material de eleiçãodo século XX são, elas próprias, um símbolo da nossa época, e a geraçãoactual encontra-se, já, a braços com um extenso património arquitectónico de betão, que tende a crescer e constituirá, em boa parte, uma espéciede "presente envenenado" para os vindouros. Conhecer o património de betão e lidar com os problemas postos pelasua conservação assume, portanto, grande importância. Por isso aPedra & Cal lhe dedica este número.
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