Com perto de 1000 km de orla marítima, rasgada por dois grandes estuários, e uma longa tradição de navegantes e pescadores, Portugal tem um extenso património de obras marítimas e fluviais. Esse património tem passado despercebido, em favor das construções mais imponentes feitas em terra firme.
Este número da “Pedra & Cal” procura pôr em evidência o património construído ligado à relação das populações e da economia com o mar e os rios. É um património que se estende às antigas colónias e que não pára de crescer, como atestam uma boa parte das grandes construções que mereceram figurar na resenha promovida recentemente pela Ordem dos Engenheiros, “100 obras de engenharia portuguesa no mundo no século XX”.
Marcando a paisagem por força da sua inerente visibilidade, como os faróis, ou semi-submersas como as obras acostáveis, o património marítimo carece, entre nós, de uma inventariação e descrição mais completas e de estudos mais profundos.
Mas a ameaça que pende sobre esse património construído é pequena, se comparada com a ameaça que os excessos da construção representam para o outro património: o natural. Infelizmente, estamos a cometer hoje, nos melhores locais da nossa orla costeira, os mesmos erros urbanísticos que os americanos cometeram nos anos vinte na Flórida: continuamos a desvalorizá-la construindo uma barreira de torres de apartamentos baratos e de gosto duvidoso.
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