Revista Pedra&Cal

Património Português no Mundo

Indíce

02 Editorial

04 Valorização do património urbanístico português
No convite para a elaboração deste texto a dado momento lê-se: “a P&C tem procurado demonstrar que o património arquitectónico do País é muito mais do que igrejas e castelos”.
 WALTER ROSSA

07 Arte colonial portuguesa dos séculos XVI-XVIII
Breve perspectiva
 ALEXANDRA CURVELO

09 ENTREVISTA - João Pedro Garcia, Fundação Calouste Gulbenkian
Conservação do Património Português no Mundo
 DORA FERREIRA

14 A Fortaleza Real de S. Filipe
A implantação da fortaleza, sobranceira à cidade foi feita no sítio mais favorável. Isto é facilmente observável olhando o terreno localmente. Tinha a fortaleza no entanto outras funções, para além de frente terrestre do sistema defensivo e cabeça mi
 FRANCISCO SOUSA LOBO

17 Centro Histórico de Macau classificado como Património Mundial
Na defesa da candidatura de Macau como Património da Humanidade, Portugal participou através do IPPAR. Num gesto de cooperação, o seu Presidente, Arq.º João Rodeia, proporcionou um importante apoio que contribuiu para a aceitação final da proposta1 s
 FRANCISCO VIZEU PINHEIRO

22 Património construído moderno lusófono
Um valor a reconhecer e proteger…
 JOSÉ MANUEL FERNANDES

24 A embaixada de Portugal em Londres... …um projecto decorativo
Em 1932, Ruy Ennes Ulrich, advogado, professor de direito e administrador de várias companhias portuguesas, é nomeado Embaixador de Portugal em Londres
 MÁRIO GOUVEIA, MÁRIO NASCIMENTO

26 Torre de Mindelo
Recolha da informação de suporte à elaboração do projecto da intervenção estrutural
 CARLOS MESQUITA, ANTÓNIO VICENTE

28 Museu José Malhoa
Reabilitação da cobertura e sobre-céu da Sala Cinco
 JOÃO VARANDAS

32 Iniciativa “TI – Transparência Internacional” Para combater a corrupção em empreendimentos de construção

34 AS LEIS DO PATRIMÓNIO
O preço “anormalmente” baixo nas empreitadas de obras públicas
 A. JAIME MARTINS

36 Notícias

39 Agenda

40 Vida Associativa

42 Divulgação

43 “Património Português no Mundo”
 JOSÉ MARIA LOBO DE CARVALHO

46 Livraria

49 Associados GECoRPA

52 Perspectivas
Ainda o levantamento do património construído… …Um notável empreendimento nos Açores
 NUNO TEOTÓNIO PEREIRA

Preço: 4,48 €

N.º 28
Património Português no Mundo


Por onde andaram, os Portugueses construíram. Sobretudo fortalezas, para defender as praças e feitorias onde se estabeleceram, mas também igrejas e outras construções religiosas, palácios para alojamento dos representantes do poder, ou simples habitações e lojas destinadas aos colonos e ao seu comércio. Assim aconteceu por todo o império, desde as capitanias do Brasil até às costas da Malásia, de Timor e da China. Assim aconteceu na África Ocidental e Oriental portuguesas. Obras que foram feitas para durar, e duraram. Construções que os descendentes dos antigos colonizados hoje prezam e de que nós nos podemos orgulhar, testemunhos que são de uma gesta, por vezes truculenta mas, no todo, engrandecedora.
 
Construíram e continuam, hoje em dia, a construir. Mas, em vez de o fazerem em paragens longínquas, os portugueses de hoje preferem construir no seu próprio quintal. E a construção deixou de ser ditada pela necessidade de defender contra a cobiça das potências rivais ou a agressividade de um ambiente inóspito: passou a ser, vezes de mais, o resultado de uma conjugação de interesses ilegítimos e ligações sombrias. Também deixou de ser feita para durar: em vez de séculos, os novos construtores contentam-se com escassas décadas.

Começa-se, agora, a ver que não pode ser assim, e, por todo o mundo, os decisores começam a aceitar que a geração a que pertencem tem um dever em relação às gerações que se seguirão, dever esse bem expresso no compromisso ético para a sustentabilidade na engenharia civil do ECCE (Conselho Europeu dos Engenheiros Civis):
   
“Empregaremos a nossa determinação e influência profissional para o benefício do bem-estar das futuras gerações de todo o mundo”. 

Volta-se, esperemos, à boa construção: à obra que não é feita para satisfazer a cupidez de certos promotores ou a ambição de certos autarcas, mas no interesse da sociedade no seu conjunto, tendo em conta que não somos donos dos recursos, mas apenas, e durante um certo tempo, seus gestores e usufrutuários. Sendo o edificado e a infra-estrutura construída a principal parcela do investimento fixo de um país, boa construção significa ajudar a gerir bem esse investimento, mantendo-o em bom estado e prolongando a sua vida útil. Boa construção significa construir apenas onde é preciso e apenas o que é preciso. Por isso, em lugar de tentarem espremer o depauperado PIDDAC, ou os magros orçamentos das autarquias, os construtores portugueses devem concentrar-se numa nova e nobre missão: Partir para os locais onde as populações realmente deles precisam: curiosamente, muitos dos lugares onde os construtores portugueses do passado deixaram obra durável. Em vez de se baterem, neste rectângulo já tão betonizado, por mais projectos faraónicos, de utilidade e rentabilidade duvidosa, devem dirigir a sua influência e o poder do seu lóbi para os centros de decisão comunitários. Portugal, com a experiência que lhe advém do facto de ser uma das três mais importantes antigas potências coloniais africanas, está em posição de vantagem para, através dos seus empreiteiros, contribuir para a melhoria das condições de vida das populações do continente negro, e, com isso, tirar partido dos fundos que a Europa para tal vai canalizar. Alguns empreiteiros portugueses já disso se aperceberam e já estão no terreno. É preciso que outros sigam o exemplo e a febre construtora baixe em Portugal, a bem do que resta do nosso património natural e das nossas cidades e aldeias históricas. É preciso que a boa construção substitua a má construção.
 
 
Vítor Cóias, Director


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