Revista Pedra&Cal

Património Imaterial

Indíce

02 Editorial

03 Sócios apoiantes

04 A Convenção do Património Cultural Imaterial
Contexto e aplicação na reabilitação do edificado
 CLARA BERTRAND CABRAL,

08 Instituto dos Museus e da Conservação
Programa para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial em Portugal
 PAULO FERREIRA DA COSTA

12 Património Imaterial
Onde mora a alma de um povo
 ALEXANDRE PARAFITA

14 As construções em pasta
No Alto Minho, e em particular numa faixa do território que se estende entre os concelhos de Vila Nova de Cerveira, Valença, Monção e Melgaço, existe um conjunto de construções nas quais se aplicou um material tradicional em granito – a pasta.
 ANTERO LEITE

17 Fado
Candidato a Património Cultural Imaterial da Humanidade
 REGIS BARBOSA

20 O Projecto Museológico do Museu Agrícola de Riachos – Casa-Memorial Humberto Delgado
Do conhecimento tácito ao conhecimento explícito
 LUÍS MOTA FIGUEIRA

22 Rugologia
O Arquivo da Rua
 CONSTANÇA SARAIVA

24 Proposta de refuncionalização para o lagar do Pomarinho – Santiago do Escoural
Programa preliminar de intervenção museológica
 PEDRO GRENHA

26 A Organaria enquanto bem identitário
A imaterialidade de combinar sons e silêncio exige-nos dar importância à preservação do património musical. Por conseguinte, a recente intervenção no órgão de tubos pertencente à Capela de Nossa Senhora da Esperança, em Sátão, Viseu fez perdurar este
 ANTÓNIO OLIVEIRA

29 O automóvel eléctrico nas cidades portuguesas
Uma solução pouco amiga do ambiente
 JORGE MASCARENHAS

33 Cem anos do maior Decreto de Classificação
A classificação de monumentos representa o reconhecimento oficial do seu valor histórico-artístico. À medida que a sociedade se torna mais profundamente consciente da importância de preservar determinados edifícios que recordem um acontecimento...
 MIGUEL BRITO CORREIA

34 Novas tecnologias ao serviço do património
A fotografia panorâmica 360º e realidade virtual
 ANTÓNIO CABRAL

36 Consulta Pública do Plano de Pormenor da Baixa Pombalina
 FILIPE MÁRIO LOPES

38 Ruin’arte
Um ano de defesa do Património
 REGIS BARBOSA

40 Criação do Comité Nacional do Escudo Azul
 ISABEL RAPOSO DE MAGALHÃES

41 O Código dos Contratos Públicos
O Júri do Procedimento
 A. JAIME MARTINS

42 Notícias

44 Agenda

45 Vida Associativa

48 Livraria

50 Associados GECoRPA

52 O Mar foi ontem o que o património pode ser hoje!
 JOSÉ AGUIAR

N.º 48
Património Imaterial


No seu livro “Les sept savoirs nécessaires à l’éducation du futur”, Edgar Morin destaca a importância do ensino da compreensão, como meio e fim da comunicação entre humanos, face à extraordinária diversidade das culturas que hoje se confrontam na aldeia global. A compreensão é o caminho por excelência para aceitar o outro, e desse modo, atacar as raízes da guetização e das suas manifestações extremas, o racismo e a xenofobia.

A coexistência na aldeia global de milhares de milhões de humanos com antecedentes culturais tão variados será impossível se, a par de uma adesão generalizada aos valores universalmente reconhecidos, o essencial das suas referências identitárias não for salvaguardado e respeitado. Nesse sentido, a divulgação da noção de património cultural imaterial, a partir de uma iniciativa de um conjunto de intelectuais marroquinos ligados à UNESCO e consolidada na convenção para a salvaguarda do património cultural imaterial, adoptada pelos estados membros em 2003, é uma etapa recente mais decisiva.

O património cultural passou, assim, a englobar não só as construções, as esculturas, pinturas e outros objectos físicos – o património cultural material – que recebemos das gerações passadas e de que tanto nos orgulhamos, mas também o património cultural imaterial: tradições orais, saberes ancestrais, músicas, cantares e danças tradicionais, ou seja, todo um conjunto de referências identitárias tão importantes para certas comunidades humanas como os monumentos e edifícios históricos são para outras. 

É justamente ao Património imaterial que a P&C dedica este derradeiro número de 2010, o seu décimo segundo ano de edição contínua. Quarenta e nove números (contando com o “número zero”, publicado ainda em Novembro de 1997) e outros tantos temas de capa focados, quase duas mil e setecentas páginas de conteúdos relacionados com a conservação do Património e a reabilitação do edificado, a P&C precisa de se transformar, para se adaptar à evolução das tecnologias da informação e da comunicação (TICs) e aumentar a sua presença na Internet.

 Fecha-se, com o presente número, um ciclo da P&C. A partir do próximo número a nossa (vossa) revista adoptará um novo figurino e uma nova orientação e tenderá, ela própria, a “desmaterializar-se” e a apoiar-se cada vez mais na Internet em vez do papel, em linha com a renovação e revitalização do sítio de Internet do GECoRPA. Esta mudança é natural. Nos doze anos do actual formato da revista, assistimos a uma rápida evolução na acessibilidade à informação. As velocidades de transmissão de informação são hoje de 120 Mbps, quando em 1997 era, no máximo, de 2Mbps. A utilização da Internet sofreu evolução vertiginosa. Em 1997, em Portugal, a Internet era utilizada por menos de 6% da população. Em 2010 estima-se que este número tenha ultrapassado os 57%. O aumento de clientes da Internet condicionou a quantidade de domínios registados e activos. Se em 1997 seriam cerca de escassos milhares, hoje este número situa-se na ordem do milhão.

 Os computadores pessoais diminuíram no tamanho e cresceram no desempenho. As memórias RAM passaram de poucas centenas de Mb para perto de uma dezena de Gb e os “discos rígidos” de cerca de 20 Gb para mais de 50 Gb. Novos gadgets ajudam a substituir o papel: iPads, e-Books, meios de informação muito mais dinâmicos e potentes, onde o vídeo, como complemento dinâmico e sonoro da imagem, ocupa um lugar cada vez mais importante, proporcionando uma qualidade crescente.

Tudo isto impõe mudanças, e a P&C não é excepção. A “missão” a que eu me referi no editorial do n.º 0 da Pedra & Cal – ajudar os profissionais e as empresas da conservação do Património a fazerem um melhor trabalho – não mudou, e muito menos está completa. Talvez nunca o esteja, enquanto houver Património e mulheres e homens interessados em o conservar. Quero, por último, agradecer a todos os que colaboraram e acompanharam o projecto Pedra & Cal, e, em particular, aos Autores e aos membros do Conselho Redactorial, o generoso contributo que deram à revista ao longo destes doze anos.


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