Revista Pedra&Cal

Lisboa: Conservar e Reabilitar os Bairros Históricos

Indíce

02 Editorial

04 A Reabilitação Urbana em Lisboa
Uma nova cultura de cidade
 MAFALDA MAGALHÃES DE BARROS

08 Entrevista - Dr.ª Mafalda Magalhães de Barros Direcção Municipal de Conservação e Reabilitação Urbana - Câmara Municipal de Lisboa
Conservar o encanto de Lisboa

11 Unidade de Projecto do Bairro Alto e Bica
A (re)qualificação de equipamentos culturais e escolares
 NUNO MORAIS

14 A reformulação dos interiores como espaços de vivência, de memória e de modernidade
A intervenção municipal efectuada em edifícios habitacionais camarários, recuperados na sua totalidade, tem procurado que estes se tornem espaços modernos em termos de habitabilidade, criando assim condições para uma melhoria significativa da fruição
 PAULA GIRÃO, RUI MATOS

16 Uma intervenção na Rua da Madalena
Oito fogos habitacionais completamente remodelados
 TERESA POOLE DA COSTA

18 O Palácio Pombal da Rua do Século
Sondagens, analítica, conservação e restauro dos tectos e paredes da capela e escadaria
 MIGUEL FIGUEIREDO

20 Ligações estruturais nos edifícios da Baixa Pombalina
De como uma ideia recorrente sobre a construção pombalina não resiste a uma observação um pouco mais atenta
 V. CÓIAS E SILVA

24 Reabilitar monumentos nas zonas históricas da cidade
A actual gestão camarária elegeu como uma das suas prioridades a reabilitação urbana, pelo que se procedeu, a partir de 2002, à elaboração de um programa específico com o objectivo de reabilitar monumentos sediados nas zonas históricas da cidade, pro
 JOSÉ MARIA AMADOR

26 Mercado da Mina de São Domingos
Uma nova cobertura
 JOÃO VARANDAS

29 Intervir nos bairros históricos
 PEDRO SILVA

31 Métodos de inspecção e observação como suporte da reabilitação do património construído
É do conhecimento comum que qualquer intervenção de reabilitação de um imóvel, antigo ou recente, deve ser fundamentada através de um projecto de execução, descrevendo e justificando as soluções adoptadas, apresentando graficamente o grau de pormenor
 CARLOS MESQUITA

33 Metodologia e fases do projecto de conservação
 CARLOS MESQUITA

35 As reformas urbanas manuelinas
A implementação de uma arquitectura “regimentada” para a época moderna
 HELDER CARITA

37 O Postigo do Melo e Casas do Embaixador
Os edifícios urbanos, como indivíduos participando na malha urbana, obedecem a normas jurídicas, legislativas e económicas, reflexo da gestão territorial da cidade
 VANDA PEREIRA DE MATOS

39 Os gradeamentos de ferro nas fachadas ou o ritmo forjado da arquitectura
 CÁTIA MARQUES

43 As Leis do Património
A Autoridade da Concorrência pronuncia-se sobre a prestação de serviços pelas universidades
 A. JAIME MARTINS

46 Divulgação
Inventários do património construído
 MIGUEL BRITO CORREIA

48 Vida Associativa

51 Agenda

52 Livraria

54 Reabilitação urbana na Internet
 JOSÉ MARIA LOBO DE CARVALHO

57 Associados GECoRPA

59 Reabilitação urbana: para além dos bairros históricos
 NUNO TEOTÓNIO PEREIRA

Preço: 4,48 €

N.º 23
Lisboa: Conservar e Reabilitar os Bairros Históricos


Ao que parece, o nosso país sai, finalmente, de um ciclo de construção nova para encetar uma fase em que se pretende que a reabilitação das construções existentes tenha a primazia.

Durante mais de uma década, o ritmo de construção nova foi alucinante: uma habitação de 5 em 5 minutos, dia e noite, sábados, domingos e feriados. Hectares e hectares dos nossos melhores solos foram betonizados e neles nasceram à pressa, por obra e graça de uma legião de construtores-promotores, milhares de novos blocos de apartamentos.
 
Seduzidos pelas campanhas milionárias dos bancos, onde é tudo facilidades, e pelos "vídeo-porteiros", "sons-ambientes" e "halls de mármore" dos construtores-promotores, a juventude deste país empenhou-se para o resto da vida para comprar, a preços muitas vezes exorbitantes, habitações de qualidade e durabilidade duvidosas.

Foi um festim de vários anos em que uns quantos ganharam à custa de muitos outros perderem. Mas foi um festim, sobretudo, para os que, ignorando as regras da arte e os requisitos da qualidade, construíram a eito os tais apartamentos de "encher o olho", onde, ao fim de pouco tempo, os defeitos e insuficiências começam a vir ao de cima. É que construir parece fácil, mas não é, se se quiser construir com qualidade.
 
E se construir bem já não é fácil, reabilitar a sério ainda o é menos. Reabilitar construções existentes é muito mais complicado do que construir a partir do zero. Exige materiais e tecnologias muito diferentes da construção nova. Acresce que grande parte do nosso edificado é bastante antigo, e foi construído por técnicas, entretanto, abandonadas, em favor do betão armado. A anatomia e a patologia desses edifícios é desconhecida dos construtores de hoje.

É por isso que o GECoRPA acha que as "simplificações" recentemente introduzidas na "Lei dos alvarás" foram no sentido contrário ao que deviam, abrindo as portas da reabilitação a todo e qualquer "pato-bravo". Para que a maior relevância da reabilitação no sector da construção seja tida em conta, algumas das categorias dos alvarás deverão, desde logo, ser separadas entre construção nova e reabilitação de construções existentes. Há um mundo de diferenças entre construir, hoje, um edifício novo, e reabilitar devidamente um edifício com cem ou duzentos anos. Se não se estimular a especialização das empresas na reabilitação, estar-se-á a permitir um novo festim, gastando rios de dinheiro em obras que não duram nada, e descurando a própria segurança dos edifícios.

Finalmente, há a questão da fiscalização do cumprimento da Lei. E aqui a porta, que já estava aberta, fica escancarada: o InCI não tem meios para auditar as empresas, limitando-se a aceitar pelo valor facial os papéis que os empreiteiros lhe entregam. Como dizia, há uns anos, a este propósito, Rui Alarcão, "Nós temos leis boas que são mal aplicadas e temos leis más que são bem aplicadas". Aqui, e no que se refere à reabilitação do edificado, receio que tenhamos uma lei má e mal aplicada.

 
V. Cóias e Silva, Presidente do GECoRPA


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