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Desde o sólido e durável Liós da região de Lisboa até à porosa e friável Pedra de Ançã, o material de construção por excelência dos monumentos portugueses é a pedra. A primeira ajudou a criar estruturas quase indestrutíveis, como a Torre de Belém, capazes de suportar airosamente a passagem dos séculos; com a segunda esculpiram-se jóias de precária durabilidade, como a Porta Especiosa, que se dissolvem lentamente no ambiente poluído da cidade. Por vezes apenas com papel decorativo, mas muitas vezes com função estrutural, é a pedra que dá a forma e solidez aos nossos monumentos. Conservar o património arquitectónico do país é, em grande parte, conservar obra de pedra, pois foi ela - a par da madeira - o material de eleição dos nossos mestres construtores durante quase dois milénios. Mesmo depois da vulgarização do betão armado, invenção com que François Hennebique revolucionou a tecnologia construtiva no fim do século XIX, os arquitectos revestem de pedra as suas estruturas quando lhes querem conferir nobreza e durabilidade. Muitos são, no entanto, os males que afectam os edifícios de pedra, em particular quando esta é, já de si, débil e vulnerável. Para coarctar, nestes casos, o avanço da deterioração, há que conhecer a construção a salvaguardar e há que saber caracterizar as anomalias em presença, delimitar as áreas por elas afectadas, determinar as suas causas e mecanismos. E estes são só os primeiros passos de uma caminhada muitas vezes longa e penosa, que nunca se poderá considerar verdadeiramente concluída, visando a conservação do património arquitectónico. Por estas razões, resolveu a "Pedra & Cal" dedicar um número ao nobre material que é a pedra, às obras que com ela fizeram sucessivas gerações de construtores portugueses, àqueles que, hoje em dia, contribuem para a sua salvaguarda e aos seus esforços para transmitir aos vindouros esta herança de valor inestimável que são os nossos monumentos e edifícios históricos.
Lisboa, Fevereiro de 2002
V. Cóias e Silva