Revista Pedra&Cal

Água e Património Construído

Indíce

02 Editorial

04 O Aqueduto das Águas Livres e o abastecimento de água a Lisboa
Esta grandiosa obra do séc. XVIII representa, ainda hoje, uma das imagens de maior impacte no perfil da cidade, sendo testemunho do nível técnico dos engenheiros, arquitectos e construtores que nela tomaram parte
 TERESA DE CAMPOS COELHO

06 Entrevista: Professor Leonel Fadigas
A água é a questão central do ordenamento do território

10 Entrevista: Engenheiro Matias Ramos
Como gerir bem um bem escasso
 HELENA AZEVEDO

12 A água e o património cultural construído: o Hospital Termal das Caldas da Rainha
As águas termais podem, em determinadas situações, conduzir a fenómenos de degradação extremamente severos nos materiais de construção. O Hospital Termal das Caldas da Rainha é um caso emblemático desse fenómeno
 AMÉLIA DIONÍSIO, LUÍS AIRES- –BARROS, MARIA JOÃO BASTO

14 Águas de Alfama - dois milénios de fruição
Zona de fontes de água quente, Alfama oculta hoje uma imensa e subaproveitada riqueza. Basta percorrer as suas artérias e largos para constatar o abandono dos chafarizes. Mas, afinal, por onde param os vários milhares de litros de água que brotam das
 CLEMENTINO AMARO

16 A água em Alcobaça
Alcobaça é um exemplo interessante de constatação histórica de interacção continuada entre o Homem, a água e o meio ambiente. Trata-se de um dos mais importantes e bem conservados conjuntos monásticos cistercienses e um dos mais sensíveis aos efeitos
 PEDRO TAVARES

18 Gestão das águas pluviais urbanas: Passado, presente e desafios para o séc. XXI
Em Portugal, a gestão integrada do ciclo urbano da água e a aplicação de novos conceitos é ainda incipiente. Uma situação que pode e deve alterar-se, nomeadamente através dos instrumentos de ordenamento do território e de planeamento urbanístico
 LUÍS MESQUITA DAVID

20 A água e a Baixa Pombalina
A relação da água com a Baixa Pombalina de Lisboa tem sido motivo recorrente de polémicas, de emissão de opiniões e até de campanhas mais ou menos alarmistas em que se estabelece uma correlação directa entre a variação ou a variabilidade dos níveis f
 JOÃO APPLETON

24 O património das termas
Portugal tem uma riqueza grande em recursos de água mineral natural, o que favorece a aposta no termalismo como sector de actividade nas áreas da saúde e do turismo
 HELENA GONÇALVES PINTO, JORGE MANGORRINHA

26 Reabilitação na barragem do Picote
O paramento de jusante do descarregador de cheias da barragem do Picote manifestava, desde alguns anos, sinais de deterioração. A CPPE (1) procedeu a um estudo mais rigoroso das anomalias existentes, tendo em vista a reabilitação durável dos betões d
 CARLOS MESQUITA

28 Pontes históricas
As pontes históricas distribuem-se por todo o território português representado ao mais alto nível o património histórico, cultural e artístico nacional
 JOÃO VARANDAS

29 Escola 88 no Bairro Alto
Foi um palacete antes de 1755, hoje é uma escola pública. Dado o avançado grau de degradação, foi alvo de uma engenhosa intervenção
 CARLOS SÁ NOGUEIRA

32 O caminho das águas livres
O Aqueduto das Águas Livres, construído no séc. XVIII por iniciativa do rei D. João V, surge como a resposta à necessidade de se resolver o problema da falta de água na cidade.
 RAUL FONTES VITAL

34 Divulgação

36 As Leis do Património
A inegável realidade de Portugal como país de imigração
 JOÃO MASSANO

38 Notícias

40 A água industrial
As nascentes do Alviela em Lisboa e a Estação Elevatória dos Barbadinhos a vapor
 JORGE CUSTÓDIO

43 Água na Internet: por mares nunca dantes navegados
 JOSÉ MARIA LOBO DE CARVALHO

44 Agenda

45 Vida Associativa

46 Livraria

49 Associados GECoRPA

52 Reabilitação do parque habitacional
Para além das boas intenções?
 NUNO TEOTÓNIO PEREIRA

Preço: 4,48 €

N.º 18
Água e Património Construído


"As significações simbólicas da água podem reduzir-se a três temas dominantes: fonte de vida, meio de purificação, fonte de regeneração. Estes três temas encontram-se nas tradições mais antigas formando, simultaneamente, as combinações imaginárias mais variadas e coerentes" in, Dictionnaire des symboles, Éditions Robert Laffont S.A., Paris, 1982, p. 375.

Quem não experimentou já, ao abrir a torneira da sua casa, a angústia provocada pela ausência de água? Elemento essencial de vida, a simbólica da água persiste, até hoje, no imaginário colectivo pelo que, desde tempos remotos, o espirito humano se tem ocupado com o desenvolvimento técnico dos mecanismos que tragam o seu abastecimento (e consequente conforto) às populações.
 
Isto explica a importância que para os romanos tinha, a par da construção de aquedutos, a construção de termas públicas: elemento previlegiado de propaganda estatal ou privada, faziam parte das vantagens da vida urbana - commoda - pondo ao serviço da plebe os prazeres que só os ricos podiam usufruir nas suas domus ou villae. Segundo Cícero, o gongo que diariamente anunciava a abertura dos banhos públicos era mais doce do que a voz dos filósofos da sua escola.

Tendo gerado, ao longo dos tempos, construções que fazem parte de um imenso património arquitectónico, a gestão da água enquanto recurso natural só pode ser considerada, hoje, como um instrumento fundamental de planeamento. Escreveu recentemente o arquitecto Leonel Fadigas: "O conhecimento do modo como a água se move e armazena no terreno, como percorre os acidentes geográficos, encostas e vales, como se reparte pelas linhas de cumeada e como recarrega aquíferos e lencóis subterrâneos e forma zonas alagadas, constitui uma informação essencial para o planeamento do uso e ocupação do solo.(...) Falar da importância da água na paisagem é mais do que aprofundar a relação poética que lhe está associada e o simbolismo que a acompanha como fonte de vida".

Esta afirmação não pode ser mais oportuna se pensarmos na actualíssima polémica em torno da construção ou demolição de barragens, ou na problemática que envolve hoje a Baixa Pombalina. Estando a decorrer o Ano Internacional da Água Doce, nunca será demais lembrar que o património de um país se avalia, também, pelo modo como são geridos os seus recursos hídricos.

Teresa de Campos Coelho (Arquitecta e Investigadora)


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