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"As significações simbólicas da água podem reduzir-se a três temas dominantes: fonte de vida, meio de purificação, fonte de regeneração. Estes três temas encontram-se nas tradições mais antigas formando, simultaneamente, as combinações imaginárias mais variadas e coerentes" in, Dictionnaire des symboles, Éditions Robert Laffont S.A., Paris, 1982, p. 375.
Quem não experimentou já, ao abrir a torneira da sua casa, a angústia provocada pela ausência de água? Elemento essencial de vida, a simbólica da água persiste, até hoje, no imaginário colectivo pelo que, desde tempos remotos, o espirito humano se tem ocupado com o desenvolvimento técnico dos mecanismos que tragam o seu abastecimento (e consequente conforto) às populações. Isto explica a importância que para os romanos tinha, a par da construção de aquedutos, a construção de termas públicas: elemento previlegiado de propaganda estatal ou privada, faziam parte das vantagens da vida urbana - commoda - pondo ao serviço da plebe os prazeres que só os ricos podiam usufruir nas suas domus ou villae. Segundo Cícero, o gongo que diariamente anunciava a abertura dos banhos públicos era mais doce do que a voz dos filósofos da sua escola.
Tendo gerado, ao longo dos tempos, construções que fazem parte de um imenso património arquitectónico, a gestão da água enquanto recurso natural só pode ser considerada, hoje, como um instrumento fundamental de planeamento. Escreveu recentemente o arquitecto Leonel Fadigas: "O conhecimento do modo como a água se move e armazena no terreno, como percorre os acidentes geográficos, encostas e vales, como se reparte pelas linhas de cumeada e como recarrega aquíferos e lencóis subterrâneos e forma zonas alagadas, constitui uma informação essencial para o planeamento do uso e ocupação do solo.(...) Falar da importância da água na paisagem é mais do que aprofundar a relação poética que lhe está associada e o simbolismo que a acompanha como fonte de vida".
Esta afirmação não pode ser mais oportuna se pensarmos na actualíssima polémica em torno da construção ou demolição de barragens, ou na problemática que envolve hoje a Baixa Pombalina. Estando a decorrer o Ano Internacional da Água Doce, nunca será demais lembrar que o património de um país se avalia, também, pelo modo como são geridos os seus recursos hídricos.
Teresa de Campos Coelho (Arquitecta e Investigadora)